quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"Educaçao Ambiental: Critica ao Fetichismo da Individualidade e outros temas"


O Curso de Especialização em Educação Ambiental na Era da Globalização (EDUCAM/UFPE) promove a Palestra "Educaçao Ambiental: Critica ao Fetichismo da Individualidade e outros temas", Com Carlos Frederico Loureiro.
Debator: Daniel Rodrigues

O evento ocorrerá no auditório do Centro de Educação da UFPE, no dia 12 de dezembro (sábado) às 8:30h.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Vídeo Contra a Transposição do São Francisco

Transposição das Águas do rio São Francisco (1/5)



Transposição das Águas do rio São Francisco (2/5)



Transposição das Águas do rio São Francisco (3/5)



Transposição das Águas do rio São Francisco (4/5)



Transposição das Águas do rio São Francisco (5/5)

sábado, 9 de maio de 2009

Filmes Trabalhados na disciplina Globalização e Crise Ambiental

A História das Coisas



Ilha das Flores

Textos para disciplina Problemas Ambientais de Pernambuco

Textos para cadeira Problemas Ambientais de Pernambuco. Estes textos foram indicados pelo professor Geraldo Aguiar.

Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social

Diagramas

Agenda 21 I

Agenda 21 II


Para baixar o material, é só clicar nos links e em seguida selecionar a opção "download".

terça-feira, 10 de março de 2009

O que a Globo publicou sobre Meio ambiente:

Órgãos do governo discutem ações contra o desmatamento
Fiscalização na Amazônia é questão central em reunião.
Ações sociais para criar alternativas também serão debatidas.
Do Globo Amazônia, em São Paulo

Órgãos do governo envolvidos no combate ao desmatamento da Amazônia reúnem-se nesta terça-feira (10) para definir suas ações durante 2009.

Participam do planejamento os ministérios do Meio Ambiente, e do Trabalho e Emprego, Exército Brasileiro, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Serviço Florestal Brasileiro, as Polícias Federal e a Rodoviária Federal. Também participam os comandos das polícias dos estados da Amazônia Legal e as secretarias estaduais de Meio Ambiente.

Segundo nota do Ibama, que sedia a reunião, o encontro deve servir para definir as ações de fiscalização e controle, dentro das diretrizes estipuladas no Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM). O plano foi elaborado e é executado por 14 ministérios e pela Casa Civil da Presidência da República.

Uma das questões a serem definidas é a localização das bases operativas da fiscalização federal, o orçamento, as prioridades e as metas das operações, considerando que houve redução no ritmo do desmatamento na região.

Segundo o Ibama devem ser discutidas também medidas sociais nos lugares que têm dependência econômica de atividades ligadas ao desmatamento, para compensar o postos de trabalho extintos pela fiscalização.


Impacto de seca na Amazônia 'supera emissões' de Europa e Japão
Estudo coordenado na Inglaterra indica que floresta é extremamente sensível ao fenômeno.

A seca de 2005 na Amazônia teve um impacto de 5 bilhões de toneladas extras de dióxido de carbônico na atmosfera terrestre, o que supera as emissões anuais de Europa e Japão, segundo estudo coordenado pela Universidade de Leeds, no norte da Inglaterra, divulgado na nova edição da revista "Science".

Os cientistas afirmam que o fenômeno excepcional reverteu drasticamente o processo de absorção de carbono pela floresta, o chamado "sequestro de carbono", que vinha ocorrendo há pelo menos 25 anos e que ajudava na redução dos efeitos das mudanças climáticas.

Normalmente, a Amazônia absorve cerca de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Mas, de acordo com o estudo, por causa da morte de árvores, a seca de 2005 fez com que essa quantidade de gás permanecesse na atmosfera e ainda levou a floresta a gerar outros 3 bilhões de toneladas.

A partir dos dados colhidos no estudo, os pesquisadores observaram que a Amazônia é "surpreendentemente sensível" à seca.

"A floresta vem ajudando a reduzir a velocidade das mudanças climáticas, mas agora vemos que confiar nesse 'subsídio' da natureza é extremamente perigoso", disse um dos coordenadores da pesquisa, Oliver Phillips, da Universidade de Leeds.

O estudo envolveu 68 cientistas de 13 países, inclusive do Brasil, que atuam na rede Rainfor, que se dedica ao monitoramento da Amazônia.

Eles aproveitaram a seca de 2005 para ter uma ideia dos efeitos que futuras mudanças climáticas poderão ter sobre a floresta.

Naquele ano, as temperaturas do Atlântico Norte permaneceram mais altas do que a média, provocando outras catástrofes naturais, como o furacão Katrina.

"Visualmente, a maior parte da floresta parecia pouco afetada pela seca, mas nossos dados mostram que a taxa de mortalidade das árvores aumentou", afirmou Phillips. "Mesmo uma pequena alteração ecológica pode provocar um grande impacto no ciclo global do carbono."

A previsão da comunidade científica é de que o aquecimento global faça subir as temperaturas do Atlântico Norte, o que por sua vez pode tornar a estação seca da Amazônia mais intensa e mais quente.

A Amazônia abriga mais da metade das florestas tropicais do mundo, e uma em cada cinco espécies do planeta.


Banco Mundial aprova US$ 1,3 bilhão para projetos ecológicos no Brasil
Conservação da Amazônia e da Mata Atlântica são foco do pacote.
Empréstimo é o primeiro de um programa de meio ambiente do Bird.

O Banco Mundial (Bird) anunciou nesta quinta-feira (5) a aprovação de um empréstimo de US$ 1,3 bilhão para projetos ecológicos no Brasil, dentro de um pacote voltado para a luta contra a deterioração da floresta amazônica e em defesa da energia renovável.

"O programa apóia o compromisso do Brasil para melhorar seus resultados ecológicos e de combate à pobreza, ao mesmo tempo em que implementa um modelo de competitividade e crescimento acelerados", indica o comunicado do Bird.

O empréstimo "apoiará o gerenciamento sustentável das terras agrícolas, das florestas e dos recursos hídricos, reduzirá o desmatamento no Amazonas, a degradação da terra, da água e de outros recursos essenciais para o bem-estar dos pobres, além de promover fontes renováveis de energia", explica o texto.
Outro objetivo do projeto é proteger os cerca de 95.000 km² que restam da Mata Atlântica, o que corresponde a 7,3% da área original deste ecossistema.

"O novo programa se apoia no bom trabalho que tem sido realizado pelo Brasil. É um complexo esforço de múltiplos atores do governo, e todos os ministérios devem ser parabenizados por isso", elogia Mark Lundell, chefe do projeto do Bird, citado no comunicado.

O empréstimo é a primeira operação dentro de um programa de desenvolvimento sustentável e meio ambiente do Bird.

Os primeiros US$ 800 milhões serão desembolsados imediatamente, e os US$ 500 milhões restantes serão liberados conforme a conclusão das metas estabelecidas pelo programa, de acordo com o governo brasileiro.



O que a Folha publicou sobre meio ambiente:

08/02/2009 - 20h38
Caos climático tende a piorar no futuro
CLAUDIO ANGELO
editor de Ciência da Folha de S.Paulo

A nevasca sem paralelo nos últimos 18 anos que mergulhou o Reino Unido no caos na última semana tem a mesma origem das chuvas que causaram a tragédia em Santa Catarina e da onda de calor que sufoca os australianos. E, embora não seja possível pôr a culpa no aquecimento global, instabilidades desse tipo tendem a ficar mais frequentes no futuro.

Previsto para ser um dos cinco anos mais quentes já registrados, 2009 começou gelado para os europeus e boa parte dos norte-americanos.

"O frio foi excepcional. Temperaturas negativas por vários dias seguidos são incomuns em Paris", disse o músico brasileiro Guilherme Carvalho, que mora há oito anos na capital francesa. "No canal de La Villette, vi uma placa: "Perigo -não ande no gelo", coisa que nunca tinha visto antes."

"Estamos há uma semana sem energia aqui e com temperaturas abaixo de zero. Há muita gente desabrigada", escreveu de Louisville (Kentucky, EUA) o linguista Daniel Everett. O Estado registrou 27 mortes pela nevasca e foi decretado área de calamidade pública pelo presidente Barack Obama.

O frio levou comentaristas da direita americana ao inevitável questionamento do aquecimento global. Afinal, se o mundo está esquentando, por que o inverno setentrional de 2009 chegou dessa forma?

Nada com o que se espantar, dizem os meteorologistas. Na média, 2009 ainda deve ser quente. "O ano ainda não acabou", diz José Marengo, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Segundo Pedro Leite da Silva Dias, diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica, os extremos do final de 2008 e do começo deste ano podem ser explicados por duas causas imediatas.

A primeira é o fenômeno La Niña, nome dado ao resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico. Como sua cara-metade, o El Niño, (o aquecimento anormal do Pacífico), o La Niña é sazonal e, quando se instala, é uma das forças dominantes nas condições climáticas do planeta. Há um La Niña instalado desde 2008, e ele não deve sumir antes de abril.

Pedra na água

A outra causa são chuvas intensas sobre a região da Indonésia desde o fim de 2008. "Onde chove, ocorre liberação de muita energia para a atmosfera, como se fosse jogada uma pedra na água", afirma Dias. "A energia é propagada na atmosfera, como ondas na água, e forma padrões de ondas que atingem zonas remotas."

Parte dessas ondas se propaga pelo hemisfério Norte, da América para a Europa. Parte se dissemina pelo hemisfério Sul. "Portanto, as anomalias na Austrália e as anomalias na América do Sul, como as chuvas de novembro em Santa Catarina e depois em Minas, Rio e Espírito Santo, estão todas correlacionadas", afirma o cientista.

A relação disso tudo com o aquecimento global é mais sutil. Segundo Michel Jarraud, da Organização Meteorológica Mundial, as pessoas tendem a confundir tempo (condições específicas da atmosfera num dado momento) e clima (condições gerais, no longo prazo).

"Todo ano você tem padrões excepcionais de tempo e lugares onde recordes são quebrados", disse Jarraud numa entrevista coletiva no fim do ano passado. "Se você tem ar mais frio em algum lugar, você tem de ter ar mais quente em algum outro lugar. A temperatura média da Terra é a mesma."

O aquecimento global não significa que não haverá mais invernos frios, mas sim que eles serão menos frequentes. "Não é algo que você espera que seja mais quente e mais quente", afirma Marengo, do Inpe. O que existe é uma elevação contínua da temperatura média.

Marengo lembra ainda que o aquecimento global é composto por dois tipos de influência, ou "sinal": as antropogênicas, ou seja, causadas por atividades humanas, e as naturais. Há um cabo-de-guerra entre ambas.

"Nos dois últimos anos, tivemos temperaturas mais baixas do que no final do século 20. Pode ser que a variabilidade normal do clima esteja mais forte que o sinal antropogênico agora, mas no longo prazo o sinal dos gases-estufa é mais forte", diz o climatologista.

09/03/2009 - 16h25
Falta de acesso à água potável mata 1,6 milhão por ano, diz ONU

da Efe, em Genebra

A falta de acesso à água potável e a um saneamento adequado causa 1,6 milhão de mortes ao ano, a maioria delas entre crianças com menos de cinco anos, afirmou um relatório apresentado hoje no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

A autora do estudo, a especialista da ONU para o Direito à Água e ao Saneamento, Catarina de Albuquerque, ressaltou que "o acesso a melhores serviços de saneamento segue sendo uma promessa descumprida para quase 40% da população mundial'.

Para exemplificar isso, ressaltou que 23% da população mundial defeca ao ar livre, uma prática que "põe em perigo a saúde de toda a comunidade, porque aumenta as (incidências de) doenças diarreicas, incluindo o cólera, assim como infecções por vermes e hepatite".

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) contidos no relatório indicam que o 'acesso a um melhor saneamento diminuiria em 32% as doenças diarreicas'.

Melhorar essa situação ajudaria ainda a eliminar as situações nas quais as meninas são proibidas de ir à escola por falta de serviços higiênicos destinado para mulheres.

Além disso, resolver o problema teria um impacto econômico positivo em regiões muito pobres do mundo.

Isso aconteceria porque, por exemplo, "o custo do tratamento das doenças diarreicas representa 12% dos orçamentos nacionais em questão de saúde na África Subsaariana", explicou a especialista.

"No total, as possíveis vantagens econômicas de investir em água e saneamento poderiam chegar a US$ 38 bilhões ao ano" em nível mundial, afirmou.

06/03/2009 - 10h01
Líderes da UE e Obama debaterão crise e mudança climática em cúpula

da Efe, em Bruxelas

A cúpula que reunirá os líderes da União Europeia (UE) e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 5 de abril em Praga terá como temas principais a crise financeira, questões de segurança, energia e mudança climática.

A Presidência da União Europeia, desempenhada neste semestre pela República Tcheca, informou que "os máximos representantes" dos 27 países-membros da UE foram convidados ao evento.

A reunião será realizada imediatamente depois da cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que englobe os países mais ricos e principais emergentes), prevista para 2 de abril em Londres.

Além disso, o encontro ocorrerá após a reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que será realizada em Estrasburgo, França, e Kehl, Alemanha, em 4 de abril.

De acordo com um comunicado, a reunião de Praga servirá para abordar "questões relacionadas com a arquitetura financeira global e as consequências da crise, assim como a segurança transatlântica e a cooperação militar".

O encontro também deve gerar "um debate sobre outros assuntos de política externa e de energia e clima", esta última questão visando à conferência da ONU sobre mudança climática em Copenhague no final do ano.

No dia 4, o presidente da UE, o tcheco Mirek Topolánek, se reunirá pela primeira vez com o líder americano, conclui a nota.


O gerenciamento integrado dos recursos hídricos como problema sócio-ambiental

O gerenciamento integrado dos recursos hídricos
MARCELO VARGAS

Discute-se neste artigo o marco conceitual, as origens e as perspectivas sociais de afirmação de um novo paradigma de gestão das águas: o gerenciamento integrado ou sustentável dos recursos hídricos. Baseado na racionalização do uso da água (mediante o planejamento integrado e participativo de bacias hidrográficas), no gerenciamento da demanda, na proteção aos mananciais e na conservação dos recursos hídricos, este novo paradigma vem se delineando a partir de uma crítica aprofundada ao modelo predatório de exploração da água que prevaleceu no passado.

Palavras-chave: recursos hídricos, gestão integrada, fundamentos sócio-ambientais.

Leia o texto na integra: http://www.scielo.br/pdf/asoc/n5/n5a09.pdf

quarta-feira, 4 de março de 2009

Entrevista com Molion



"Aquecimento Global é terrorismo climático"
Pesquisador diz que tendência dos próximos anos é o esfriamento da Terra e que efeito estufa é tese manipulada pelos países ricos

Por RODRIGO RANGEL

ROBERTO CASTROO professor Luiz Carlos Molion é daqueles cientistas que não temem nadar contra a corrente. Na Rio 92 (ou Eco 92), quando o planeta discutia o aumento do buraco na camada de ozônio, ele defendeu que não havia motivo para tamanha preocupação.

Numa conferência, peitou o badalado mexicano Mario Molina, mais tarde Nobel de Química, um dos primeiros a fazer o alerta. Agora, a guerra acadêmica de Molion tem outro nome: aquecimento global. Pós-doutor em meteorologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial, esse paulista de 61 anos defende com veemência a tese de que a temperatura do planeta não está subindo e que a ação do homem, com a emissão crescente de gás carbônico (CO2) e outros poluentes, nada tem a ver com o propalado aquecimento global. Boa notícia?

Nem tanto, diz. Molion sustenta que está em marcha um processo de resfriamento do planeta. "Estamos entrando numa nova era glacial, o que para o Brasil poderá ser pior", pontifica. Para Molion, por trás da propagação catastrófica do aquecimento global há um movimento dos países ricos para frear o desenvolvimento dos emergentes. O professor ainda faz uma reclamação: diz que cientistas contrários à tese estão escanteados pelas fontes de financiamento de pesquisa.

ISTOÉ - Com base em que o sr. diz que não há aquecimento global? Molion - É difícil dizer que o aquecimento é global. O Hemisfério Sul é diferente do Hemisfério Norte, e a partir disso é complicado pegar uma temperatura e falar em temperatura média global. Os dados dos 44 Estados contíguos dos EUA, que têm uma rede de medição bem mantida, mostram que nas décadas de 30 e 40 as temperaturas foram mais elevadas que agora. A maior divergência está no fato de quererem imputar esse aquecimento às atividades humanas, particularmente à queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, e à agricultura, atrás da agropecuária, que libera metano. Quando a gente olha a série temporal de 150 anos usada pelos defensores da tese do aquecimento, vê claramente que houve um período, entre 1925 e 1946, em que a temperatura média global sofreu um aumento de cerca de 0,4 grau centígrado. Aí a pergunta é: esse aquecimento foi devido ao CO2?

Como, se nessa época o homem liberava para a atmosfera menos de 10% do que libera hoje? Depois, no pós-guerra, quando a atividade industrial aumentou, e o consumo de petróleo também, houve uma queda nas temperaturas.

ISTOÉ - Qual seria a origem das variações de temperatura?
Molion - Há dez anos, descobriu-se que o Oceano Pacífico tem um modo muito singular na variação da sua temperatura.

Me parece lógico que o Pacífico interfira no clima global. Primeiro, a atmosfera terrestre é aquecida por debaixo, ou seja, temos temperaturas mais altas aqui na superfície e à medida que você sobe a temperatura vai caindo - na altura em que voa um jato comercial, por exemplo, a temperatura externa chega a 45 ou 50 graus abaixo de zero. Ora, o Pacífico ocupa um terço da superfície terrestre. Juntando isso tudo, claro está que, se houver uma variação na temperatura da superfície do Pacífico, vai afetar o clima.

ISTOÉ - O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU) está errado?
Molion - O painel não leva em consideração todos os dados. Outra coisa que incomoda bastante, e que o Al Gore [exvice- presidente dos EUA e estrela do documentário Uma verdade inconveniente, sobre mudanças no clima] usa muito, é a concentração de CO2. O IPCC diz claramente que a concentração atingida em 2005, de 339 partes por milhão, ou ppm, foi a maior dos últimos 650 mil anos. Isso é uma coisa ridícula. Eles usam uma série iniciada em 1957 e não fazem menção a medições de concentração de gás carbônico anteriores. É como se nunca ninguém tivesse se preocupado com isso.

O aumento de CO2 não é um fenômeno novo. Nos últimos 150 anos, já chegou a 550, 600 ppm.

Como é que se jogam fora essas medidas? Só porque não interessam ao argumento? O leigo, quando vê a coisa da maneira que é apresentada, pensa que só começaram a medir nos últimos 50 anos. O Al Gore usou no filme a curva do CO2 lá embaixo há 650 mil anos e, agora, decolando. Ridículo, palhaço.

ISTOÉ - Esses temores são cíclicos?
Molion - Eu tenho fotos da capa da Time em 1945 que dizia: "O mundo está fervendo." Depois, em 1947, as manchetes diziam que estávamos indo para uma nova era glacial. Agora, de novo se fala em aquecimento. Não é que os eventos sejam cíclicos, porque existem muitos fatores que interferem no clima global.

Sem exagero, eu digo que o clima da Terra é resultante de tudo o que ocorre no universo. Se a poeira de uma supernova que explodiu há 15 milhões de anos for densa e passar entre o Sol e a Terra, vai reduzir a entrada de radiação solar no sistema e mudar o clima. Esse ciclo de aquecimento muito provavelmente já terminou em 1998. Existem evidências, por medidas feitas via satélite e por cruzeiros de navio, de que o oceano Pacífico está se aquecendo fora dos trópicos - daí o derretimento das geleiras - e o Pacífico tropical está esfriando, o que significa que estamos entrando numa nova fase fria. Quando esfria é pior para nós.

ISTOÉ - Por que é pior?
Molion - Porque quando a atmosfera fica fria ela tem menor capacidade de reter umidade e aí chove menos. Eu gostaria que aquecesse realmente porque, durante o período quente, os totais pluviométricos foram maiores, enquanto de 1946 a 1976 a chuva no Brasil como um todo ficou reduzida.
O aumento de CO2 não é novo. Nos últimos 150 anos, já atingiu 600 ppm. Mas o Al Gore usou a curva do CO2 de 650 mil anos atrás

ISTOÉ - No que isso pode interferir na vida do brasileiro?
Molion - As conseqüências para o Brasil são drásticas. O Sul e o Sudeste devem sofrer uma redução de chuvas da ordem de 10% a 20%, dependendo da região. Mas vai ter invernos em que a freqüência de massas de ar polar vai ser maior, provocando uma freqüência maior de geadas. A Amazônia vai ter uma redução de chuvas e, principalmente, a Amazônia oriental e o sul da Amazônia vão ter uma freqüência maior de seca, como foi a de 2005. O Nordeste vai sofrer redução de chuva. O que mais me preocupa é que, do ponto de vista da agricultura, as regiões sul do Maranhão, leste e sudeste do Pará, Tocantins e Piauí são as que apresentam sinais mais fortes. Essas regiões preocupam porque são a fronteira de expansão da soja brasileira. A precipitação vai reduzir e certamente vai haver redução de produtividade. Infelizmente, para o Brasil é pior do que seria se houvesse o aquecimento.

ISTOÉ - A quem interessaria o discurso do "aquecimento"?
Molion - Quando eu digo que muito provavelmente estamos num processo de resfriamento, eu faço por meio de dados. O IPCC, o nome já diz, é constituído de pessoas que são designadas por seus governos. Os representantes do G-7 não vão aleatoriamente. Vão defender os interesses de seus governos. No momento em que começa uma pressão desse tipo, eu digo que já vi esse filme antes, na época do discurso da destruição da camada de ozônio pelos CFCs, os compostos de clorofluorcarbonos. Os CFCs tinham perdido o direito de patente e haviam se tornado domínio público. Aí inventaram a história de que esses compostos estavam destruindo a camada de ozônio. Começou exatamente com a mesma fórmula de agora. Em 1987, sob liderança da Margaret Thatcher, fizeram uma reunião em Montreal de onde saiu um protocolo que obrigava os países subdesenvolvidos a eliminar os CFCs. O Brasil assinou. Depois, ficamos sabendo que assinou porque foi uma das condições impostas pelo FMI para renovar a dívida externa brasileira. É claro que o interesse por trás disso certamente não é conservacionista.

ISTOÉ - Mas reduzir a emissão de CFCs não foi uma medida importante?
Molion - O Al Gore no filme dele diz "nós resolvemos um problema muito crucial que foi a destruição da camada de ozônio". Como resolveram, se cientistas da época diziam que a camada de ozônio só se recuperaria depois de 2100?

Na Eco 92, eu disse que se tratava de uma atitude neocolonialista. No colonialismo tradicional se colocam tropas para manter a ordem e o domínio. No neocolonialismo a dominação é pela tecnologia, pela economia e, agora, por um terrorismo climático como é esse aquecimento global. O fato é que agora a indústria, que está na Inglaterra, França, Alemanha, no Canadá, nos Estados Unidos, tem gases substitutos e cobra royalties de propriedade. E ninguém fala mais em problema na camada de ozônio, sendo que, na realidade, a previsão é de que agora em outubro o buraco será um dos maiores da história.

ISTOÉ - O sr. também vê interesses econômicos por trás do diagnóstico do aquecimento global?
Molion - É provável que existam interesses econômicos por detrás disso, uma vez que os países que dominam o IPCC são os mesmos países que já saíram beneficiados lá atrás.

ISTOÉ - Não é teoria conspiratória concluir que há uma tentativa de frear o desenvolvimento dos países emergentes?
Molion - O que eu sei é que não há bases sólidas para afirmar que o homem seja responsável por esse aquecimento que, na minha opinião, já acabou. Em 1798, Thomas Malthus, inglês, defendeu que a população dos países pobres, à medida que crescesse, iria querer um nível de desenvolvimento humano mais adequado e iria concorrer pelos recursos naturais existentes. É possível que a velha teoria malthusiana esteja sendo ressuscitada e sendo imposta através do aquecimento global, porque agora querem que nós reduzamos o nosso consumo de petróleo, enquanto a sociedade americana, sozinha, consome um terço do que é produzido no mundo.

ISTOÉ - Para aceitar a tese do sr., é preciso admitir que há desonestidade dos cientistas que chancelam o diagnóstico do aquecimento global...
Molion - Eu digo que cientistas são honestos, mas hoje tem muito mais dinheiro nas pesquisas sobre clima para quem é favorável ao aquecimento global. Dinheiro que vem dos governos, que arrecadam impostos das indústrias que têm interesse no assunto. Muitos cientistas se prostituem, se vendem para ter os seus projetos aprovados. Dançam a mesma música que o IPCC toca.

ISTOÉ - O sr. se considera prejudicado por defender a linha oposta? Molion - Na Eco 92, eu debati com o Mario Molina, que foi quem criou a hipótese de que os clorofluorcarbonos estariam destruindo o ozônio. Ele, em 1995, virou prêmio Nobel de Química. E o professor Molion ficou na geladeira. De 1992 a 1997 eu não fui mais convidado para nenhum evento internacional. Eu tinha US$ 50 mil que o Programa das Nações Unidas havia repassado para fazer uma pesquisa na Amazônia e esse dinheiro foi cancelado.
Em 1987, sob Thatcher, países subdesenvolvidos foram obrigados a eliminar os CFCs. Foi uma das condições impostas pelo FMI

ISTOÉ - O cenário que o sr. traça inclui ou exclui o temor de cidades litorâneas serem tomadas pelo aumento do nível dos oceanos?
Molion - Também nesse aspecto, o que o IPCC diz não é verdade. É possível que, com o novo ciclo de resfriamento, o gelo da Groenlândia possa aumentar e pode ser até que haja uma ligeira diminuição do nível do mar.

ISTOÉ - Pela sua tese, seria o começo de uma nova era glacial?
Molion - Como já faz 15 mil anos que a última Era Glacial terminou, e os períodos interglaciais normalmente são de 12 mil anos, é provável que nós já estejamos dentro de uma nova era glacial. Obviamente a temperatura não cai linearmente, mas a tendência de longo prazo certamente é decrescer, o que é mau para o homem. Eu gostaria muito que houvesse realmente um aquecimento global, mas na realidade os dados nos mostram que, infelizmente, estamos caminhando para um resfriamento. Mas não precisa perder o sono, porque vai demorar uns 100 mil anos para chegar à temperatura mínima. E quem sabe, até lá, a gente não encontre as soluções para a humanidade.