quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Para ler e refletir



Agenda 21

por Michelle Milhomem, assessora técnica do Programa Agenda 21 do Ministério do Meio Ambiente, e Daisy Cordeiro, pedagoga e consultora do Programa

Saiba como a escola pode discutir a sustentabilidade do planeta, um projeto que atinge mais de 4 mil instituições de ensino


A Agenda 21 é um processo de planejamento participativo no qual o governo e a sociedade definem e pactuam um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, além de propor uma reflexão sobre as condições de vida do planeta. Tal reflexão tem sido feita em vários segmentos da sociedade e pode estender-se às escolas: a Agenda 21 Local pode ser feita a partir da Agenda 21 na Escola.

A Agenda 21 na Escola incentiva e soma esforços com o Grêmio Estudantil, a Associação de Pais e Mestres, o Conselho da Escola, a comunidade escolar, além de outras organizações, para discutir e realizar ações de proteção do meio ambiente e da promoção de ações que venham contribuir para a melhoria da qualidade de vida e a construção de sociedades sustentáveis.

É, portanto, um processo que, assim como a Educação Ambiental, deve ser inserido de forma transversal em todas as disciplinas da escola e nos projetos que envolvam a comunidade. Na prática, um grupo de professores e alunos interessados pode começar a construir a Agenda 21 na Escola.

O primeiro passo é a criação de uma comissão para mobilizar, desenvolver ações, acompanhar as atividades de Educação Ambiental e incentivar a construção da Agenda 21 na Escola. Mais de 4 mil escolas no País criaram Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida), que são espaços de debates onde se definem as responsabilidades que a escola vai assumir, para contribuir com a sustentabilidade da comunidade local e construir a sua Agenda 21.

Dessa forma, a Agenda 21 é um importante instrumento para ampliar as ações da Com-Vida, pois possibilita o diálogo da escola com a comunidade da rua, do bairro, do município e nos faz perceber que comunidades sustentáveis só acontecem por meio de parcerias.

Os problemas vividos pela escola são muitas vezes mais amplos que o espaço físico e social, são da comunidade. A escola tem uma série de limitações para desenvolver os projetos que ela cria e encontra novas forças quando interage com outros parceiros, como, por exemplo, a Agenda 21 Local, ou com a rede de Com-Vida.

A parceria proposta leva a um esforço coletivo que definirá ações em conjunto, que implicam identificação das aspirações das famílias, comunidades e do poder público, possibilitando o exercício da cidadania ativa, a articulação dos objetivos e metas traçadas, com o propósito de tornar real e cotidiana a busca para a melhoria da qualidade de vida.

Nesse sentido, experiências podem ser encontradas nos municípios de Salvador (BA), Rondon do Pará e Santarém (PA), João Pessoa (PB), Petrópolis, Rio de Janeiro e Volta Redonda (RJ), Caraguatatuba, Ilhabela, Pilar do Sul, São Paulo, São Sebastião e Ubatuba (SP), onde as Agendas 21 na Escola estão sendo construídas dentro de um processo participativo, dialogando com os Fóruns das Agendas 21 Locais.

Para contribuir com a ação, oficinas de formação de professores e alunos estão sendo realizadas com o objetivo de difundir os conceitos da Agenda 21 e os princípios da Carta da Terra, visando refletir sobre a importância da participação de todos na construção da Agenda 21 Local e nas Escolas.

Para entender melhor os problemas das escolas e definições de ações prioritárias, foram criados grupos de trabalho permanentes, compostos de professores nos Fóruns da Agenda 21 Local. Isso tem permitido a participação ativa dos professores e alunos como elementos estratégicos nos processos de Agenda 21.

4 comentários:

  1. Eis uma matéria que poderíamos discutir em sala. Na minha opinião, as mudanças devem ocorrer com ampla participação do coletivo. Propostas como essas, de unir as pessoas para debater é de fundamental importância.
    Mas não podemos ficar presos nos paradigmas até então propostos. A mensagem de construção de um novo mundo não pode ser imposto de cima para baixo, conforme muitas agências internacionais pregam, a relação para com o meio ambiente que melhor dialogue com seus interesses.
    Ainda acredito no papel do educador tentar construir junto as suas esferas de relação, verdadeiras mudanças de acordo com as cndições locais e culturais.

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  2. Pois é, muito interessante seu comentário. É fundamental que haja essa construção na escola, mas as dificuldades são muitas, realmente seria muito importante que fosse discutido com o grupo, para trocarmos idéias, informações e experiências!

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  3. Acredito que esse tem sido o principal problema, de maneira geral, das escolas: o afastamento de suas atividades para com as parcelas da sociedade que não sejam os alunos.
    É claro que alguém pode dizer "mas minha escola sempre faz reuniões de pais e mestres", o que seria verdade. Mas que propósitos tais encontros estão tendo de fato?
    Eu adoro quando escuto historinhas sobre o tempo em que muitas coisas aconteciam nas escolas, um constante diálogo entre a vizinhaça, professores e estudantes.
    Mas hoje, só estes momentos não bastam. Qualquer atividade, como temos estudado, tem que vir com reflexões críticas, holisticamente e coletivamente construídas.

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  4. Eu acho que a discussão deve abranger toda a dimensão do que é sustentabilidade. Conhecer as possibilidades e limites diante das sigularidades que enfrentamos no dia a dia da escola.

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